sexta-feira, 24 de junho de 2011

Culinária amorosa

O rol de livro de auto-ajuda ou similares que associam romance e culinária é enorme desde "Melancia", passando por "Comer, Rezar, Amar" chegando a "Amei, sofri, cozinhei" (ou qualquer coisa do tipo)... É notável que, para o senso comum, esses dois aspectos da vida estão intimamente ligados, não à toa engordar anda junto com casamento, e emagrecer com pé na bunda...
Recentemente, em um momento de revolta extrema, seguido de ironia e sarcasmo, defendi que amor era diversão enquanto as outras coisas da vida não dão certo... Por experiência própria nunca experimentei um crescimento simultâneo de todos os aspectos - mas isso são outros 500...
Como qualquer boa mulher, ou artista, vivo me contradizendo: as discussões entre eu e eu mesma são sempre as mais interessantes, afinal metade de mim é racional e a outra metade... manteiga derretida...

Bom, descobri uma nova paixão, ou curiosidade: cozinhar. Não sou uma gênia na ciência, mas tenho feito boas experiências e comprado maravilhosos livros de culinária, aprendi a fazer risoto, camarão à termidor, ratatouille, cheesecake e tiramisu... Temendo os quilos e quilos a mais resolvi então entrar em uma dieta, dessas radicais, me foi receitado carboidrato 0, açúcar 0, refogamento de temperos 0... Por um mês vivi de maçãs, arroz integral, feijão verde, quiabo e yogurte desnatado. Não nego que emagreci alguns quilos, perdi uns 5 centímetros de minha desagradável circunferência abdominal...
Feliz estava ao me olhar no espelho, cair do manequim M para o P... Porém, de repente me vejo tristonha, evitando sair... Porque? Estava tão mais bela e atraente, devia querer expor minha figura na medina! Mas não podia comer nada, como socializar? Em casa olhava a mesa do almoço e não mais havia prazer ali, comia, me alimentava, mas o sabor, a diversão de experimentar novos "arrozes", fazer outros molhos, abrir o livro de receitas aleatoriamente se fora...
Não é diferente com o amor e as outras esferas da vida. Claro que é possível ser feliz sozinho, natural que o amor não é fundamental para a vida, vive-se bem, vive-se muito sem ele... Mas ele é aquele sabor extra que dá o colorido ao nosso paladar, é aquele tempero que faz a comida mais saborosa... É o molho diferente que experimentamos em nossa macarronada... Afinal podemos comer o arroz integral e o feijão verde e seremos longevos e saudáveis, mas ainda assim não dá para resistir a uma boa moqueca com seu cheiro inebriante, afinal o que é a vida - seja curta, seja longa - sem esses momentos de felicidade e sabor extremo. O que é da comida sem o sal? Comestível, sim, mas saborosa?

Por fim, abandonei a dieta radical, e optei por uma intermediária, não preciso de moquecas todos os dias, mas nada me impede de ao menos uma vez por semana me dar ao prazer de uma boa fatia de torta de chocolate... Meu paladar agradece, meu coração também...

7 comentários:

  1. Só digo que dia 4 de agosto vc vai preparar um camarão à termidor pra mim. levo o vinho! SÉRIO

    ResponderExcluir
  2. Assim como o sal, açúcar e tempero têm o seu lugar garantido, na comida e no amor. Podem ser folhinhas verdes ou pimenta de cheiro, aconselho a deixar esquentar bem o prato, pois nenhuma das opções se degustada fria proporciona prazer! Beijos

    ResponderExcluir
  3. Como a boa comida o amor é, também, uma delícia...

    ResponderExcluir
  4. Amor é somente um dos temperos, mas há vários outros que deixam nossa vida tão saborosa quanto ou até mais!
    E depois, um tempero só não faz comida nenhuma ser boa, afinal, ninguém merece comer filé só com alho, né?

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. com certeza ítalo. A boa culinária é feita de vário temperos e o segredo é a harmonia de todos eles...

    ResponderExcluir