segunda-feira, 6 de junho de 2011

Caminhando Contra o Vento...


Engraçado, quando comecei isso aqui minha idéia era manter um diário das minhas peripécias de andarilha, mas virou espaço de choramingar minha prematura partida da França, superado isso, entrei na fase me formei e agora? e por fim tenho me dedicado a descrever as diversas facetas da minha vida amorosa e suas ramificações...

Porém senti saudade do objetivo inicial, e de claro introduzi-lo um pouco mais no meu dia-a-dia... E de uma forma impensada, um tanto quanto impulsiva comprei passagens para uma semana em Buenos Aires! Acompanhando dois amigos que logo se tornariam apenas um. Admito que passados dois anos das minhas andanças no além-mar me sentia um pouco insegura, temendo cair em comportamentos outrora abandonados... E se eu chegar lá e me ver sozinha? Uma semana em outro país, irei me divertir? Ainda no aeroporto recebo uma mensagem de meu amigo informando o cancelamento do seu vôo, se tornaria meu temor realidade? Iria para a terra do tango sozinha? E agora, José?

Só, cheguei no aeroporto e só, aguardei por uma hora a chegada do transfer e logo conheço um casal de brasileiros, ainda tímida não sou a iniciadora da conversa, mas certamente evito seu fim. O transfer nos abandonou, rachamos um taxi e seguimos para o albergue... Começava a germinar em mim o espirito de aventura, queria loucamente ir ver um show de percussão, sozinha será? - Apesar de ter viajado muito só nunca fui para eventos noturnos desacompanhada, sempre me soava um pouco deprimente essa idéia... Ufa, não foi dessa vez, na porta do hostel descubro duas brasilieras interessadas em ir também, jogo minha mochila no quarto e sigo para La bomba del tiempo, não me arrependi.

Dia 2, encontro o amigo do voo cancelado, temia termos interesses deveras diferentes e mais uma vez me ver sozinha... Medo bobo... Sintonia total, caminhadas sem fim - literalmente - fotografias e fotografias, cafés e vontade de bolo, muita vontade, pouco bolo... E vinho, muito vinho, me permiti até atingir o estágio de inebriação, já andava pelas ruas como se pertencessem a mim... A Marcelle destemida de outrora estava devagar se apoderando de mim...

No penúltimo dia minha missão era só, somente só, seguir para o pelourinho porteño: o caminito... Reaprendi a tirar fotos de mim mesma, caminhei pelas ruas, só e silenciosa, mas feliz e eis que no ponto de ônibus um senhor se aproxima, me ajuda a descobrir que autobus devo coger... E durante o trajeto me conta a historia do caminito, de Quinquela e por fim sua historia de amor no Brasil, fala um pouco de sua vida, e me sinto tão bem por ter sido eleita para ouvi-la. Sozinha me deito no gramado e aproveito o sol e a beleza da cidade...

Mas a verdadeira prova ainda estava para chegar, meu desejo era ir a uma Milonga aprender a dançar tango, mas sozinha? me perguntava. Mil desculpas criei em minha mente, você está cansada, não vai ter par... Engoli o medo e sozinha segui, um pouco nervosa, claro, cheguei à Milonga apresentei-me ao professor, silencio, não conhecia ninguém, não falava a língua, mas ainda bem que a dança obedece outros códigos que não os verbais... E assim na dança conheci pessoas, tive companhia para os "bons vinho", e para um boa noite de tango...

Retornei ao Brasil, feliz, realizada, apaixonada pelo tango, me percebi mais capaz que outrora, e já com desejo de uma outra viagem...


Nenhum comentário:

Postar um comentário