segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Au revoir...


Alguns anos atrás escrevi nesse espaço uma canção de despedida, despedida de uma cidade pela qual me apaixonei, cidade que promoveu em mim uma jornada, não apenas um mochilão, mas uma viagem de autoconhecimento. Aprendi mais sobre mim, e, apesar de jurar de pés juntos que é ela que amo, tenho convicção de que amo a eu que sou nela, amo a pessoa que fui e me permiti ser...

Eu parti em busca de respostas e voltei de lá sem amores, sem trabalho, com várias perguntas na cabeça, cheia de dúvidas também...

Agora, o momento é outro, e é da terrinha do carnaval que me despeço, essa terra em que só vejo defeitos e critico diariamente, mas cujo dendê corre em minhas veias e se expressa em meus sorrisos. Redescobri essa terra recentemente e, como uma estrangeira, dessa vez mais no lugar que no momento, experimentei a folia momesca, descobri e redescobri amizades, conheci pessoas inesquecíveis, substituí algumas vírgulas por pontos finais.

Descobri a vida que não quero, o teatro que desejo, os amores que não quero... Aprendi que grandes amizades se escondem onde menos se imagina. Aprendi a andarilhar acompanhada, e descobri que para caminhar contra o vento não preciso estar sozinha, e que as vezes lenço e documento são essenciais...

Outrora de lá triste parti, ainda que voltasse de mãos vazias. E é num misto de tristeza e alegria que daqui parto, pois dessa vez deixo para trás pessoas, amores, amigos, carnavais, decisões, e castelos carcomidos por cupins. Vou na esperança que minha lembrança não vire castelo na areia, desejando ser seguida pelos que me amam (afinal "quem me ama me segue" né?), ser visitada pelos que me gostam e finalmente deletada pelos demais... Mas sei que vou a procura de mim, daquela que deixei para trás quando retomei minha vida de gata de apartamento, daquela que nem sempre tem quem lhe enxugue as lágrimas, e desentupa a pia, mas que sabe apreciar cada sol, e cada flor que se abre na primavera, que ri a cada floco de neve...

Enfim, parto, com medo e coragem, e vontade de desbravar mais uma vez essas terras de além-mar, vou sem saber o que me espera, esperando apenas encontrar lá um pouco mais de mim...