sábado, 18 de setembro de 2010

Abaixo o final feliz!

Engraçado como ficamos viciados nos roteiros dos filmes americanos, de tal forma que no fundo a gente sempre acredita no final feliz. No fim a feia sempre vira bonita, você sempre consegue o emprego dos sonhos e o príncipe encantado sempre aparece. Naturalmente, como toda boa menina classe média, vivi rodeada desse felizes para sempre, e aprendi a gostar, e até desejar que minha história fosse assim, cinematográfica...

Porém, convenhamos que o final feliz é o que menos interessa, afinal o percurso para chegar até ele é muito mais importante... Analisemos um filme de 90 min: os 20 primeiros são para apresentar a história e os 20 últimos são o bendito final, ou seja, nos sobram 50 min de meio, e o que é isso? São aquelas eternas cenas em que a mocinha sofre, come o pão que o diabo amassou, perde o apartamento, o amado, o cabelo e ganha os quilos a mais, enfim é o purgatório que precede os céus.

E se a nossa vida fosse o filme?
Como sou otimista, nessa vida (é nessa sim, a reencarnação está na moda!) viverei 90 anos. Nesse caso, os 20 primeiros seriam a apresentação da história (nascimento, maternal, escola, faculdade) e, logo em seguida, durante 50 anos (fase em que atualmente me encontro: desempregada, só e com uns quilos a mais), passarei por provações absurdas, crises tremendas, dúvidas e sofrimentos sem fim, para então aos 70 anos de idade, já aposentada, alcance meu final feliz.

Peço perdão aos idosos, mas dispenso o final feliz, deixe que seja o inferno, o purgatório, que eu acabe gorda e desempregada (ainda bem que até lá já me aposentei não é?) afinal já está acabando mesmo, são só 20 minutinhos! Mas que o meio seja bom, ah! que o príncipe encantado surja aos 25, e o emprego dos sonhos antes do 30... Seria tão bom se a gente pudesse mudar o final do filme... Certamente, para quem assiste o efeito seria devastador, mas para quem vive seria uma beleza...