terça-feira, 1 de outubro de 2013

500 days of winter

Meus dois anos de França se completam, na verdade até um pouco mais. Nesses mais de 500 dias de Paris eu vivi de tudo, sobretudo o inverno cinza que dura mais do que os três meses destinados a ele no calendário. Vi dois verões, duas primaveras, um sol apenas, inúmeros vinhos e 3 amores, cada um de um canto do globo, cada um tão diferente e igual como apenas os amores impossíveis podem ser. E agora o número 3 chega a seu fim, e assim como estive em outubro de 2011, me encontro em outubro de 2013, ouvindo um Grande Amor de Chico.  Outrora estive na mesma situação, sem saber se vou ou se fico, mas era do país do carnaval que partia, o coração na mão e as esperanças como guia, partido ficou o pulsante coração que nem sempre se contenta em bater e apanha muito mais do que devia, mas talvez não tanto quanto gostaria. 500 dias depois, com direito a 90 de amor possivelmente impossível cuja dor de cotovelo nada mais me rendeu que um corpitcho bacana para aproveitar o verão soteropolitano, me encontro aqui na mesma situação que quando cheguei.
As vezes penso que se fosse marinheiro era eu quem tinha partido, me esquecendo de que quem partiu fui eu, desta vez foi daquela grande maçã, que arrebatou-me como outrora essa velha Paris fez. Parti, com o coração pulsante na mão, sorridente dizendo não mais apanhar, sou forte agora! Pronta estava para a nova aventura, voltaria àquela que nunca dorme, para amar aquele em cujos braços eu poderia repousar em paz. E eis que a vida vem, e esse vento, o qual me pergunto tanto de onde vem e para onde vai, leva até o último grão da frágil paixão, que eterna foi enquanto durou, mas que foi tão efêmera quanto uma vela numa tempestade. Mal sabíamos que infinito é apenas o oceano que separa os amantes, e foi com juras do poetinha que nos portões de embarque selávamos o destino, talvez sabendo mais do que deixávamos transparecer.

Juraram deixar-se quando o amor acabasse, que seja eterno enquanto dure, disse ela, e se durar para sempre melhor, completou. Lágrimas rolavam enquanto chineses, japoneses, franceses e alemães embarcavam para destinos mil, como não amar a paixão impossível do americano e da brasileira? E tanto amor pergunta-se logo se era um pelo outro ou pelo amor mesmo, que só era porque não poderia ser. E a resposta jamais teremos, pois não foi, nem jamais haveria de ser. Não houve tecnologia, nem Iphone, nem passagens compradas em impulsos infantis que permitiu aos amantes tocar o platônico. 
Mal sabem eles que talvez assim, sem jamais verem o amor esvair-se no dia a dia dos casais, nas contas, nas brigas, nas manias chatas, tenham guardado para si o melhor. Esvaiu-se sem se ver, ou melhor, foi derramado ao longo dos milhares de quilômetros que os separava, repousando no fundo do salgado mar que conta agora com as lágrimas choradas e as aventuras jamais vividas dessa brasileira parisiense, e daquele americano... 
Saying good bye

Nenhum comentário:

Postar um comentário