segunda-feira, 18 de julho de 2011

Brilho Eterno...

Casal se encontra, se apaixona, vai morar junto, briga, ama, ama, briga, briga, briga, casal termina (isso seria uma história normal se eles não resolvessem contratar os serviços de um misterioso escritório que apaga da sua mente aquele que você quer esquecer) ela apaga ele de sua mente, ele idem. Casal, agora desconhecido, se reencontra, se apaixonam, descobrem que se fizeram sofrer e se deletaram:

- Eu não consigo ver nada que eu não goste em você.
- Mas você vai, você vai ver coisas, e eu vou me entediar com você e me sentir presa pois é isso que acontece comigo.
-ok.

Daí fico pensando, tudo bem que o filme é lindo e romântico e blábláblá... Mas a moral da história é um pouco distorcida...
Veja bem, como toda boa mulher do século XXI frequento a cadeira do analista (nada de divã que Freud não é comigo não!) e uma das grandes discussões é perceber os comportamentos danosos e alterá-los.

Daí vem um filme e põe tudo isso abaixo, eu sei que vai ser ruim, mas ok.

Eles ainda tem a desculpa da mente sem lembranças, e nós? Se devíamos aprender com nossos erros, ou com nossos comportamentos, porque continuamos repetindo-os sem parar? E errar é humano não cola...

Talvez, seguindo a linha do filme, tiremos algum prazer do processo, afinal e daí que eu vou me entediar e me sentir presa? As memórias e alegrias que construirei nessa caminhada compensam esse fim... Talvez sejamos masoquistas também...

Mas enfim, voltando a questão do final feliz x final triste, creio que apesar de esperarmos sempre pelo final feliz - talvez por culpa da Disney, de Hollywood, e dos milhares livros de auto-ajuda que recheiam as prateleiras - acreditamos que o final mesmo não importa, afinal ele nada mais é que um ponto preciso no fim de um texto, de um livro ou de uma história, e que importa sua felicidade se tudo que o antecede é triste, tedioso e ruim...

Diferente das princesas da disney, não vivemos para uma fração de segundos de felicidade. Vivemos uma vida toda que não dura 90min, mas às vezes 90 anos, e no fim, quando estamos vendo nossas lembranças se esvaindo não queremos perder nenhuma alegria, ainda que toda a dor do mundo esteja ligada a ela. Quem abriria mão daquele friozinho na barriga por causa de uma dor de cotovelo? Quem desiste de comer o chocolate por causa do pneuzinho? Quem desiste da viagem de ida com medo do retorno?

Por fim, tenho que concordar que os momentos efêmeros que compõem aquele mosaico de dores e alegrias que é nossa vida guardam um brilho eterno que mente sem lembranças nenhuma é capaz de superar.


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