quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A lágrima

Talvez eu precise fazer terapia de novo...

Mas aqui escrevo, me desnudo e me descrevo, para tentar me entender e controlar meus canais lacrimais que parecem ter vida própria e atirarem essas pequenas gotas d'água, pedaços de alma, de coração, de dores e amores, um misto de passado e presente que insistem em borrar a visão do que vem à frente...

Essas lágrimas me embaçam a vista, lavam-me as lentes e borram a maquiagem. Mas, é como se parte de mim se regozijasse nesse choro, como se o conforto da tristeza e melancolia conhecidas fosse preferível ao desconforto de uma felicidade desconhecida. E sofro gostando, formando e comprovando teses de que a felicidade só existisse para fazer somar uma tristeza lá na frente. E, minha alegria quando vem já vem assim, metade triste, metade lágrima, e cada lágrima é também metade alegria, e cada chorar metade riso...

E sigo assim uma contradição inteira, chorando para não rir e rindo para não chorar, transformando alegrias em tristezas e lágrimas em sorrisos. No fim, como boa brasileira nada mais sou que um samba onde a felicidade nada mais é que uma gota de orvalho, que como uma lágrima cai e ecoa numa página borrada de águas de olhos, criando poesia, poesia de tristeza...

"A lágrima clara sobe a pele escura
à noite, a chuva que cai la fora..." 

Um comentário:

  1. Que Legal Marcelle!
    Olha, eu tb sou uma chorana, nesses ultimos tempos to contando os dias que nao choro, tava até pensando em guardar umas magrimas pruma amiga! rs
    Me tocou, é leve e verdadeiro o seu texto, me deu aquela impressao de conhecer um pouco mais de vc.
    Beijos Querida

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