O último mês... Bem que a canção diz que "amanhã já é janeiro para quem partiu em agosto" imagina pra quem partiu em setembro?
Tanto já aconteceu desde que aqui cheguei...
Foi com o coração apertado que pisei os pés nessa terra, medo de seguir em frente e trilhar o caminho que me separava de seres queridos... Medo de saber o que me espera, e medo de não saber absolutamente nada...
Paralisada fiquei, o corpo aqui, o coração lá. Eu que sempre adorei esvaziar armários e livrar-me do que me abarrota, agora abraçava agora o mesmo armário, assustada, estava cheio de coisas lindas e caras, mas de que serviriam em um clima tão diferente...
Não! Me recusava a abrir a porta, com medo de que algo caísse, caminhava assim arrastando um item tão pesado e com pouca utilidade, me sugeriam abrir espaço para os novos itens que chegavam. Me diziam que não cabia tudo, e eu afirmava que eu dava um jeito, meu armário é igual a mala de Mary Poppins!
Mas eis que o clima muda, chuvas vem, sóis se põem, e tudo que é madeira eventualmente estraga... Agora tão pesado, ele começa a se desmontar, olho para trás e vejo que uma porta ficou pelo meio do caminho, em seguida outra...
Posso ver seu interior, objetos velhos, puras recordações às quais nos apegamos com medo de construirmos outras, lado a lado com os novos objetos adquiridos nessas novas andanças... Olho para frente e vejo quão longo é o caminho, olho para os meus itens de recordação, algo tem que ficar para trás ou ficarei eu!
Começo então a redescobrir o prazer de armários vazios, cheio de espaço e aquela vontade gostosa de preenche-lo com tantas outras coisas, que pode até ser que fiquem pelo caminho logo ali na frente, mas a graça é adquiri-las! Reorganizo-o, parafuso as portas de volta, empilho tudo aquilo que é velho, usado e empoeirado. O caminho agora é tão mais leve...
"A gente ri, a gente chora e joga fora o que passou
a gente ri a gente chora e comemora o novo amor..."
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