segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Gargalhadas e Lágrimas ou o Amor em 3 atos

Depois que o tempo passar e tudo que um dia foi triste é agora engraçado descrevo aqui um cena baseada em fatos reais. Afinal certamente um amigo meu me aconselhou escrever um blog sobre os homens da minha vida.

Ato I

Ela no bar olha para todos os lados como procurando alguém. Ele aparece olhando-a fundo nos olhos. Ela solta um ligeiro sorriso.

Um amigo: Ela, esse é Ele.
Ela: Prazer.
Ele: Prazer. Você vem de onde?
Ela: BraZil. E você?
Ele: Daqui mesmo. Você tem um sotaque muito sexy... Me ensine algo em brasileiro!
Ela: Brasileiro não, português. O que você quer saber? Oi, tudo bem?
Ele: Não, algo mais elaborado. Algo como: eu quero te beijar agora.
Ela (desconfortável, engole seco e ensina a frase em português).
Ele: Porquê você não se levanta?
Ela (se levantando): ok, ok. Estou de pé...
Ele: Nossa, você é baixinha!
Ela: Bom posso sentar de volta então.
Ele: Não, não... (Enquanto a deixa encurralada, espremida entre ele e o parapeito)

Ela olha para todos os lados, um pouco presa, um pouco desconfortável, ele, mão em sua cintura continua a olhar fundo em seus olhos, os lábios se tocam

Ato II

Ele e Ela de mãos dadas, caminham, sorriem na rua.

Ela: Mas quando eu for embora?
Ele: Eu não posso manter uma relação à distância.
Ela: Mas...
Ele: Poderíamos ser amigos no Skype.
Ela: Não, nós não somos amigos.
Ele: Então não seremos amigos no Skype.
Ela: Gosto de você, vou sentir sua falta... Talvez se...
Ele: Eu preciso te dizer algo.
Ela: Diga.
Ele: Eu... Deixa para lá!
Ela: Fiquei curiosa! Agora tem que falar!
Ele: Depois, mais tarde...
Ela: Poxa, você hein! Muita sacanagem me deixar na curiosidade, para quê começar algo... (Ri.) Enfim não quer falar não fala!
Ele: é por isso que te amo...

silêncio

Ela : Você disse que me ama? (ri)
Ele: Sim...
Ela (o abraça e ri): (baixo no seu ouvido) eu acho que te amo também...

Ato III

Ele e Ela.

Ela está na saída do metrô, aprecia aquela belíssima arquitetura a seu redor, pela primeira vez chegou na hora e Ele atrasado. A vida realmente é uma bela piada.

Ele chega, a beija rapidamente, é a chuva talvez, caminham pela rua molhada enquanto gesticulam animadamente discutindo as últimas novidades das vidas cotidianas. Chegam num bar e sentam-se em uma mesa. Ela vai beijá-lo. Ele afasta-se.

Ela: o que há? 
Ele (indeciso): Sabe Ela, o que você deixou na minha caixa de correios me tocou muito.
Ela (sorri): Ora, não foi nada!

(Entra o Garçom)

Garçom : Vocês já escolheram?
Ela : Uma taça de tinto, por favor.
Ele (titubeante): Para mim também.

(O Garçom sai)

Ele: Mas eu fiquei muito tocado com o que você fez, foi muito bonito. E isso me fez pensar... Eu vou te dizer isso porque te amo muito, muito mesmo. (Entra o Garçom e coloca duas taças de vinho sobre a mesa. Garçom sai) Eu não estou pronto para isso.
Porque se eu não te amasse eu não me importava, não daria a mínima, mas como te amo eu me importo com você.
Ela (toma um gole do vinho) : hum, ok então.
Ele : Mas você é uma pessoa genial! E esse tempo com você foi fantástico, acho que a gente pode desenvolver uma verdadeira amizade.

Ela : Desculpa mas não.
Ele : Não? Mas por quê?
Ela : Olha, foi legal, foi lindo e etc. Mas aí não dá, para mim não dá.
Ele: Mas e todo esse tempo que a gente passou junto, os momentos que vivemos, as conversas, as...
Ela: ...foi tudo ótimo, muito bom, mas Ele, não dá para você ter tudo né. Claro que você quer ser meu amigo, eu sou ótima! Mas aí você vai ficar feliz e contente com essa amizade e eu quebrar a cara. Obrigada, mas não obrigada.

Ele :  Eu queria muito que você pudesse ir para meu espetáculo, queria muito ouvir o que você tem a dizer.
Ela: É, mas não vou mais não. No dia que você apresentar aqui nessa cidade eu vou, mas daí a viajar para ver, eu não sou mais sua namorada.
Ele : E o espetáculo que você está preparando, eu tenho certeza que vai ser maravilhoso, eu queria tanto poder ir ver...
Ela: E você pode! Você será bem vindo...
Ele: Mas preciso de uma forma para saber... Será que posso pelo menos ser seu amigo de Facebook?
Ela: Claro. Você também não virou meu inimigo!

Ele toma um gole do vinho, uma lágrima escorre pela sua face

Ela : Você está chorando? Você está terminando comigo e você está chorando? (ri)
Ele (lágrimas escorrem pela sua face) : Sim... e você está rindo! Você está tendo seu coração partido, e você está gargalhando!





terça-feira, 17 de dezembro de 2013

E quando bate a meia-noite?

Quem já ouviu falar em relógio biológico?

Na minha infância o relógio biológico era o que te fazia levantar da cama sem despertador, acordando na hora que seu corpo pedia e dessa forma passando o resto do dia feliz, leve e disposta.

De repente você cruza a linha que divide a adolescência da adultescência, não que eu me sinta uma adulta aos 25 anos dependendo do paitrocínio mensal que me sustenta em terras francesas - e ele começa a fazer mais parte da sua vida do que nunca. Por vezes comparado com o boi da cara preta que assusta as criancinhas: o relógio biológico vem aí! Pega essa menina que tem medo de careta!

Mas, eis que em um belo dia de outono ou primavera (a depender do seu hemisfério) você retorna para terras familiares, pelo breve instante de uma semana, e há toda uma expectativa em torno das suas conquistas. É aí que o conceito de relógio biológico realmente muda, pois agora ao invés de ser seu horário natural de abrir os olhos e sair da cama, transforma-se, ele mesmo, em irritante despertador que te obriga a sair dela às 6h ou fugir do baile à meia-noite.

Seus muitos amigos já ouviram esse badalo e correm com suas abóboras e camundongos. Sua tia capaz de escutar não só o próprio alarme biológico, mas como de prever o alheio também, olha para você com um leve sorriso condescendente: você diz isso agora minha filha mas quando o relógio biológico bater... (enquanto bate freneticamente no seu próprio relógio, movido a bateria por sinal).

A madrinha, que de fada tem muito pouco, dá o pontapé inicial naquela conversa que te faz pensar que o alarme apitou e você, querida, colocou em modo soneca.

- Está namorando, minha filha? indaga-me muito desinteressadamente. Que nada, tia. Respondo querendo gerar ainda menos interesse. 

(pausa dramática) ...

- E você tem quantos anos mesmo? ... vinteecinco

(pausa mais dramática, seguida de olhar de pena e mudança brusca de assunto) ...

Talvez eu esteja enganada e ela seja sim a  personificação da fada madrinha à la Cinderela, que, depois de te dar todos os elementos para a diversão, vem te avisar que a festa só pode ser curtida até meia noite... pois ao badalar do relógio você vira abóbora e que príncipe vai querer comer abóbora não é? (um príncipe vegetariano, penso eu). E é à meia-noite que sua carruagem murcha, seu vestido se torna um avental, e seus cavalos, meros camundongos. É esperando o badalar do relógio que fica a pobre Cinderela, a festa toda, na iminência desse som que avisa que festa não acabou, mas, me desculpe, você não está mais apta a participar dela. Afinal uma vez apitado o relógio biológico nos transformamos em gatas borralheiras e toda a mágica se esvai...

Pobre Cinderela, a quem não ensinaram o botão soneca, para fazer dormir - de preferência em sono eterno - o irritante badalar do relógio, e quem sabe permiti-la a curtir o badalo da festa. Sem bicho papão, sem sapato de cristal nem nada, saboreando lentamente o seu doce de abóbora...





Ainda bem que meu relógio veio sem bateria...